Propósito

Humanität – Cidades como habitats humanos

Os números assustam: em 1800, apenas 2% da população mundial vivia em cidades. Hoje, já são 54%. E em 2050, serão 66%. As cidades são o local preferido de viver da humanidade. As cidades são hoje o nosso habitat. Viver nas cidades, é claro, tornou-se uma disputa por espaços e recursos. Os movimentos da sociedade, do capital econômico e da tecnologia estão criando um futuro completamente novo, e de forma acelerada. A degradação avança, e a preservação do Meio Ambiente será tarefa crucial. Como podemos combinar um desenvolvimento mais integrado com a natureza e como podemos preservar o nosso futuro?

As cidades, de modo geral, não oferecem mais os espaços de convívio e de encontro. E é no espaço público onde a gente encontra, e aprende a lidar com as diferenças.

A cada dia, vemos pequenos valores das cidades, como saberes tradicionais, pequenos comércios, edificações simbólicas, sendo relegados a uma condição de desimportância. Nessas pequenas coisas reside a alma da cidade e a sensibilidade. Mas as pessoas precisam querer que o desenvolvimento siga um caminho diferente, resgatando valores como o convívio, alma da cidade, lazer, amigos, passeios, encontros. Precisamos trazer essas variáveis para a pauta de discussão. Nós precisamos perceber que isso é importante e que a cidade contribui para a gente ser mais feliz! Não é surpreendente que um tema que afeta tanto a vida de tanta gente não seja seriamente debatido pelas pessoas?

É urgente pensar as cidades e o desenvolvimento de maneira diferente, criativa. No ritmo atual, com a sociedade nutrindo as mesmas demandas, a necessidade de energia duplicará até 2040, com mais de vinte vezes a quantidade de aparelhos ligados à rede elétrica até 2020. No parque industrial, esse índice fica em pouco mais de 50%. No dia-a-dia das cidades, a situação também aponta desperdícios: 20% de desperdício no tráfego, 20% na distribuição e energia e 50% na distribuição de água. Como lidar com o enorme volume de resíduos sólidos e orgânicos? A infraestrutura terá que ser recriada – se já não atende a demanda atual, imagine se poderá suportar a dos próximos 35 anos! Como fazer diferente, ao invés de apenas repetir as mesmas soluções que não são mais atuais? É preciso mudar nossos rumos.

Tudo isso é reflexo de uma filosofia individualista e pouco solidária, que esquece da importância do convivência coletiva e do envolvimento comunitário. O convívio deve voltar a ser o eixo a partir do qual se define planejamento urbano, combatendo o afrouxamento dos laços de coesão social, o isolamento e a solidão urbana.

Assim, precisamos cuidar mais dos habitats. Do habitat natural de diversas espécies. E precisamos também cuidar do habitat desses animais que somos nós, os humanos. Ajude-nos a tornar as cidades mais humanas, através do design.