A busca por maior qualidade ambiental e social nos rios da Alemanha é recente. O maior investimento em projeto de recuperação de rios, no mundo, está em curso no Rio Emscher, iniciado em 1992 e com importante fase de conclusão para 2018.
A região do Vale do Ruhr era altamente industrializada, baseada na mineração e na indústria siderúrgica. O canal do Emscher, exposto a céu aberto, foi a forma encontrada para o transporte de esgoto e resíduos industriais até as estações de tratamento no final do século XIX. Esta solução permaneceu ativa devido a dificuldade em construir galerias subterrâneas – a numerosa presença de minas causava desmoronamentos constantes.
Depois, com o declínio destes setores no século passado, a região se deparou com o colapso econômico, social e ambiental. A decadência se traduzia na dificuldade para atrair novas empresas e manter as que lá se estabeleceram. Para evitar o abandono, precisou se reinventar. Passo importante para isso foi recuperar seu rio. Hoje, ele é um exemplo mundial de recuperação e de como é possível, também através desse conceito, revitalizar todo o Vale.
Desde a nascente, encontra-se fauna indicadora de boa qualidade da água. Próximo dali, há um centro educativo, visitado pelos estudantes. A educação ambiental e projetos culturais permeiam todo o percurso do rio, com a utilização de totens informativos e intervenções de artistas locais ou de renome.
Áreas industriais abandonadas foram recuperadas. O lago Phoenix, um parque com moradias de alto padrão misturadas com habitação de interesse social e áreas comerciais, regula o nível da água em caso de enchentes. A vegetação ciliar ao longo da passagem do rio e a instalação de um parque estimulam as atividades de lazer.
É possível passear a pé ou de bicicleta ao longo do Emscher, e está prevista uma ciclovia paralela para mobilidade. A antiga estação de tratamento funciona como um restaurante, com belos jardins e dormitórios disfarçados de manilhas, para os viajantes.
Por fim, toda a foz passa por um processo de renaturalização, prevendo recuperação ambiental e parques para as pessoas. Meio ambiente e cultura são os propulsores de uma nova visão de cidade. Locais como a mina de carvão Zeche Zollverein Schacht XII, que já foi a maior e mais moderna instalação de extração de carvão mineral do mundo, tornaram-se patrimônio industrial pela Unesco.
O resultado é que Essen é hoje um centro universitário, de serviços, comércio e eventos. De 2010 para cá, diversas companhias já se instalaram na cidade, boa parte delas entre as 50 maiores da Alemanha. Hoje, é um dos casos de maior sucesso de city branding, e foi escolhida como a Capital Verde da Europa 2017. A recuperação do Emscher é o ponto-chave desta nova abordagem.
Assista ao vídeo, veiculado pela TV Legislativa: