Dá para imaginar que uma cidade a 500 quilômetros do mar, no Sul da Alemanha, poderia se tornar conhecida pelo surf? Numa área bem central de Munique, bem na entrada do parque Englischer Garten, está o Canal Eisbach, onde se forma uma onda frequentada por surfistas desde a década de 1970.
É hoje um dos atrativos da cidade. Já de longe, é possível ver a movimentação dos curiosos, mesmo numa manhã fria de inverno, com os termômetros negativos e a sensação térmica congelante!
Nesse cenário de muito frio, encontramos os famosos surfistas de rio. Com roupas de neoprene, uma prancha de surf e um pouco de habilidade, é possível se divertir por horas. O Eisbach foi criado para a obtenção de energia hidrelétrica. Mas um desnível em seu leito provoca uma espécie de “onda infinita”. Isso aconteceu por acaso. Esse curso d’água é um braço artificial do rio Isar e em alguns dos seus trechos são tão rasos que mal atingem 40 cm. A pouca profundidade e o fato de a onda ser ininterrupta exigem muita habilidade do surfista.
E agora, um grupo de empresários, professores e engenheiros – que também são surfistas –, desenvolveu um sistema que pode ser reproduzido em outros ribeirões.
Segundo um dos mentores do sistema, o professor Meier-Staude, o objetivo é construir uma onda para as pessoas, que podem fazer esporte juntas, na natureza. Vale para surfistas experimentados, para os jovens, os mais velhos, mulheres, homens, e também as pessoas que querem só observar.
Na Alemanha, a segurança é uma preocupação. Por muito tempo, tanto a natação como o surfe no rio eram proibidos por lei. Foi, no entanto, uma daquelas leis que não “pegaram”, como se diz no Brasil. O surf só deixou de ser proibido a partir de 2010, o que nunca impediu que os surfistas, muito antes disso, frequentassem o “pico”. Hoje, é bem comum ver pessoas passando com roupas de borracha e pranchas pela área Central de Munique, a caminho do Eisbach.
Com uma intervenção de baixo custo, e baixo impacto ambiental, o surf no rio traz o benefício da atividade física, da saúde, e também da convivência. Com a implantação do tratamento de esgoto em curso em Blumenau e outras cidades, o uso do rio passa a ser uma possibilidade real para a qualidade de vida nas cidades.