O rio Isar
1 de abril de 2020

O rio Isar (Munique, Alemanha) teve suas margens retificadas e concretadas no passado, e passou por um recente processo de renaturalização.

Walter Binder, coordenador aposentado de Engenharia Ambiental do Departamento de Recursos Hídricos da Baviera, nos apresentou os projetos e nos guiou pelas margens do rio.

As primeiras ideias para a renaturalização do Isar surgiram na década de 80, com as manifestações de um cidadão que desejava “um rio diferente”. A partir disso, foram anos de discussão profunda com a comunidade, resultando no projeto (1995 a 1999) e execução (2000 a 2011, apenas nos meses de inverno).

A renaturalização tem 3 objetivos: 

– melhor proteção contra enchentes, com mais espaço para o rio;

– restauração das condições ecológicas, com a redução da velocidade e criação de nichos para as espécies;

– mais e melhores espaços públicos para o lazer, com pontos de contato para que a natureza faça parte do dia a dia das pessoas.

O Isar é um rio alpino, cuja ramificação natural com pedriscos nas margens deveria ser restituída. Mas a obra é apenas um direcionamento: a configuração atual é produto da dinâmica própria do rio. O projeto buscou a solução mais natural possível, e se adaptou ao meio construído onde havia limitações. Os pilares das pontes são um exemplo dessa adaptação, em que pedras foram dispostas para harmonizar com a paisagem natural e as proteções de concreto viraram degraus para uso da população. Outro exemplo é a necessidade de muros de contenção, em que os engenheiros criaram uma solução totalmente disfarçada com relevo e vegetação, onde não é possível perceber a intervenção humana. As rampas de concreto também demandaram atenção especial, já que a remoção dessas seria algo muito custoso. Então tiveram a ideia de formar corredeiras com pedras naturais no entorno, junto com uma passagem para peixes. Na maior parte do trajeto temos a impressão de um rio totalmente natural, mesmo em área urbana.

Um outro aspecto destacado por Binder foi determinado muito antes do projeto. Um antigo governante teve a ideia de reservar os espaços ao longo do rio para a natureza e para as pessoas. “É preciso ter visão de futuro”, disse Binder.

 

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