Boa parte das cidades do mundo sofre com problemas de trânsito. As pessoas precisam se locomover para ir ao trabalho, escola, comércio e lazer. Como moradores de Munique, pudemos ver uma cidade com largas vias, mas que nos horários de final de expediente também apresentava congestionamentos.
A diferença de Munique em relação a cidades brasileiras de porte semelhante é que perder tempo parado no trânsito é uma opção, já que existem outras formas melhores e mais eficientes para se percorrer a cidade. Há ônibus em canaletas exclusivas, bondes urbanos, trens de superfície e metrôs. Além dos meios de transporte coletivos, boa parte da cidade possui uma infraestrutura cicloviária adequada, permitindo que as pessoas se desloquem de maneira rápida, confortável e segura.
Mas um ponto que realmente chamou a nossa atenção foi perceber que, ao usarmos a bicicleta como locomoção, também aproveitamos muito mais a cidade. Os nossos trajetos não se restringiam mais a ir e voltar do nosso destino. No caminho, há parques, rios, áreas esportivas, jardins e lagos. O caminho deixa de ser apenas um movimento pendular para se tornar um momento especial do dia a dia, onde é permitido desfrutar dos espaços públicos e interagir mais com as pessoas.
Passar horas dentro de um carro parado no trânsito é visto cada vez mais como uma opção ultrapassada. O planejamento das cidades do futuro deve levar em conta as mudanças de estilo de vida das pessoas. As ciclovias podem ser pensadas como um sistema de deslocamento próprio (não como um anexo nas ruas), onde é possível fazer belos trajetos por dentro de bosques, parques e margens de rio, em que se deslocar se confunde com vivenciar.
Texto: Carolina Nunes e Walter Weingaertner
Fotos: Walter Weingaertner